HISTÓRIA DO BAIRRO
SUMARÉ - Nome popular do CYRTOPODIUM PUNCTATUM, planta da família Orchiadaceae (das orquideas). Seu habitat é nas matas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goias e Amapá, sendo também encontrada na Costa Rica, ma América Central. Foi, em épocas remotas, muito comum nas matas de formação vulcânica.(Augusto Fernandes Neves).
Sumaré em Tupi-Guarani, significa orquidea silvestre, da qual se extrai uma excelente cola para produção da corda.
Historia - Loteamento, Terraplanagem, as primeiras casas
O bairro do Sumaré, situa-se num dos lugares mais altos de São Paulo, exatamente sobre o espigão divisor de águas dos Rios Tiete - Pinhjeiros, indo desde o Cemitério do Araçá até a Vila Pompéia, tendo poe eixo as atuais avenidas sequenciais Dr.Arnaldo e Professor Alfonso Bovero. Espraia-se por ambas as encostas, ocupando seus vales secundários.
Interessante notar que enquanto o Pacamenbu, a outra parte do sítio Wanderley, fica no fundo do vale e tem como principal artéria a avenida do mesmo nome assentada no fundo desse vale, o Sumaré tem sua principal artéria na Av.Dr.Arnaldo. Esta percorre a crista do espigão que vem desde a Av. Paulista, chegando a aproximar-se de 830m de altitude, a maior da cidade de São Paulo, oferecendo um lindo e vasto panorama.
Enquanto as construções do Pacaembu sobem do vale pelas vertentes,as do Sumaré descem pelas encostas.
"Mas em ambos se encontra o mesmo plano inorgânico, que faz com que as ruas como que se enrosquem nas encostas, numa tentnativa de adaptar-se o mais possível à acidentada geografia". (Aroldo de Azevedo - 1958)
Por causa do terreno acidentado, com colinas, o Sumaré exigiu um trabalho de terraplanagem e cuidadoso arruamento, tarefa executado pelo engenheiro Alvaro Neves da Rocha, com uma turma de empregados da Companhia, trabalhando apenas com carroças e maquinários simples. A supervisão das obras por conta do Sr,Paulo Alves Corrêa de Toledo, responsável também pela arborização do bairro.
A Companhia City, loteadora e urbanizadora do Jardim América em 1916, do Alto da Lapa em 1921, e do Pacaembu ao findar-se da década de 20, serviu de modelo para a Construtora Sumaré, que estabeleceu lotes estritamente residenciais de grandes proporções, com um mínimo de 12m de frente por 50m de fundo (com algumas exceções provocadas pela topografia) e ruas arborizadas.
O comércio inicialmente ficou restrito a alguns pontos da Av.Dr.Arnaldo (proximidades da confluência da Rua Oscar Freire e Av.do Araçá) e da Av.Professor Alfonso Bovero (ponto final do ônibus). Açougues, empórios, farmácias, quitandas, etc, mantinham comércio de âmbito apenas local.
Lucia Oliveira Ribeiro de Queiroz, em artigo FATIMA PAULISTA, nos fala que quando a família Oliveira Ribeiro chegou ao Sumaré, em 1931, já havia alguns barracos e casas simples que subiam pelas encostas nas proximidades da Avenida Sumaré. eram habitados por famílias de posseiros que haviam se fixado nessas terras muitos anos antes. Alguns deles trabalhavam como lixeiros.
Embora já tivessem adquirido deireitos sobre essas terras, era preciso legaliza-las. As causas foram defendidass graciosamemente pelo advogado Pedro de Oliveira Ribeiro Sobrinho e ganhas para os posseiros.
De acordo com o Sr.Wilson Lion de Araujo, contador da Companhia do Sumaré e morador do bairro, as primeiras casas construídas surgiram na vertente com vistas para o Pacaembu, financiadas pelos próprios loteadores. o "sertão" do bairro somente foi ocupado durante a decada de 40. Essas primeiras residencias foram projetadas por Neves da Rocha e pelo engenheiro austríaco J.Winclker, nas ruas Petrópolis, Pombal, Poconé e Ilhéus. No início da década de 30, nenhuma rua do bairro era calçada; a própria Av.Dr.Arnaldo recebeu depois uma faixa central de paralelepipedos.
Quando chovia era difícil andar pelas ruas; os sapatos atolavam na lama pegajosa. Raramente passavam carros e quando esses ficavam presos no barro era preciso empurrá-los, e saindo com dificuldade do atoleiro.
Os montes eram cobertos de mato; quando vinham os funcionários da Companhia do Sumaré para limpar os terrenos, pegam muitos préas que ali eram abundantes. Os homens iam amarrando os animais uns nos outros pelo rabo, e à tarde, quando voltavam para casa, evavem as presas penduradas no cabos das ferramentas para comê-las.
Extraído do Livro : SUMARÉ - GENTE EM BUSCA DA FLOR, de Sylvia Aranha de Oliveira Ribeiro Editora STS Publicações e Serviços Ltda - Novembro de 1999 - SP/SP